domingo, 29 de agosto de 2010

O que define a qualidade do software?

Muito se fala em qualidade de software, mas afinal, o que determina se um software tem qualidade?
Lendo um artigo do Phil Haack essa questão veio novamente à tona. No artigo ele diz (tradução livre): “Nós não estamos aqui para escrever software, estamos aqui para desenvolver produtos e entregar valor. Escrever código é só um meio para esse fim”.

Nessa frase ele vai direto ao foco da questão, escrever o software não é o objetivo, é apenas um meio para prover valor ao cliente. O cliente não paga pelo software em si, mas pelo benefício que o software proporciona.

Nós como desenvolvedores muitas vezes esquecemos que a informática é apenas um meio. Ela por si só, não tem valor algum. O que tem valor é o que a informática pode fornecer às outras áreas e mais especificamente ao usuário.

Mas então, sabendo que o software por si só não tem valor, o que define a sua qualidade? Para responder isso eu separaria a qualidade do software em duas categorias:
  • qualidade do produto;
  • qualidade do código.

Qualidade do produto

Considerando que o software é um produto que visa prover valor ao usuário, a sua qualidade nada mais é que o atendimento das necessidades do seu usuário. Um software de qualidade é aquele que faz, de maneira correta, o que o cliente precisa que ele faça.

Para definir a qualidade do software precisamos entender a necessidade do usuário e com isso verificar se o software está atendendo de forma eficiente e eficaz.

Qualidade do código

No lado técnico do software, podemos analisar sua qualidade pensando na capacidade de continuar provendo valor ao cliente no decorrer do tempo. Ou seja, o software poderá atender as futuras expectativas do cliente? Poderá continuar evoluindo de maneira eficiente?

Muitos fatores contribuem para que o código possa ser considerado de qualidade. Alguns deles são:
  • está legível e bem documentado – o desenvolvedor entende facilmente o que está acontecendo;
  • tem baixa complexidade – deve ser fácil entender como ocorre a execução do código. Partes complexas devem ser destrinchadas em partes menores e mais simples (vide complexidade fabrica);
  • há testes – ao desenvolver novas funcionalidades podemos verificar de forma fácil que as antigas continuarão funcionando;
  • o sistema pode ser estendido – alterar um código existente sempre pode gerar problemas. Um sistema construído de forma extensível sempre será melhor para se trabalhar (vide Open/closed principle).
Apesar dessas questões serem técnicas, a visão continua sendo no valor provido ao cliente. Se o software continuará a evoluir com o passar do tempo, não adianta a primeira versão atender perfeitamente ao cliente se na segunda versão o custo do desenvolvimento sobe imensamente e na terceira ainda mais. Um software bem escrito significa que com o passar do tempo o cliente continuará a ter suas necessidades atendidas de forma efetiva e com um custo adequado.

Podemos argumentar que um software que não será evoluído não precisa ter um bom código, basta atender ao cliente. Certo? Certo!! Porém, quantas vezes podemos ter a certeza que o software realmente não continuará a ser desenvolvido após a primeira versão? Quantas vezes um sistema começa pequeno e quando vemos ele já está gigante e totalmente desorganizado?

Acredito que ter um software bem escrito vale a pena, mesmo quando o sistema só terá uma versão. Um software bem escrito normalmente apresenta menos bugs, o que por fim melhora a percepção do cliente e reduz o custo de retrabalho.

Balanceando os diversos fatores

No desenvolvimento de software sempre temos que balancear diversos fatores. Custos, prazos, expectativas do cliente, tecnologias envolvidas, etc. A qualidade do produto é inegociável, afinal, é por isso que o cliente está pagando. Mas, infelizmente,  nem sempre a qualidade do código tem a devida atenção.

Precisamos ver que a qualidade do código acaba refletindo na qualidade do produto. Um software com difícil manutenção ou com bugs acabará reduzindo o valor provido ao cliente.

A questão é balancear os diversos fatores, tentado otimizar ao máximo os recursos para obtenção da qualidade máxima. E não esquecer de dar a devida atenção a qualidade do código, que influencia na qualidade do produto.